zh-cn-Estudar no estrangeiro

2019-11-13

Num certo dia, chega o momento em que surge a oportunidade ou o pensamento de ir estudar a um outro país. Buscamos novos conhecimentos, intelectuais ou sociais, não importam as motivações, e decidimos partir para o desconhecido.

A chegada ao novo destino

Após toda a preparação da viagem, que dá imenso trabalho, pois temos de procurar alojamento e comprar bilhetes que sejam a preços aceitáveis, chega finalmente o dia da despedida. Beijinhos a este e àquela e lá partimos com aquele nervoso de não sabermos o que nos espera. Será que o quarto corresponde ao que estava nas fotografias? Gostarei dos meus colegas? Como será com os transportes públicos? Quem irei conhecer? Irei apaixonar-me? Farei novos amigos?

Tudo ao nosso redor cheira a novidade, sentimo-nos estranhos em todos aqueles novos espaços que um dia sentiremos como a nossa casa. O bom é de facto aproveitar a fase inicial. Instalarmo-nos no nosso novo quarto, espalhar algumas lembranças pelo mesmo, de modo a nos sentirmos mais confortáveis, ganhar coragem e sair para a rua, ou para a cozinha do apartamento na esperança de conhecer algum dos seus habitantes.

As redes sociais são as nossas melhores amigas

A ligação com o que deixamos para trás é feita através das redes sociais. Afinal os nossos amigos e familiares têm de saber que estamos bem e que estamos a viver uma experiência fantástica. Portanto, o mais importante é correr para os sítios mais populares do nosso destino e fazer fotografias que despertem a inveja alheia. E depois com o filtro certo os cenários ainda parecem mais espetaculares do que na verdade são. Na verdade, já não conseguimos estar totalmente desligados do que deixámos para trás, nem conseguimos viver verdadeiramente o que temos à nossa frente. O importante é fazer um registo que poderá ficar eternamente num servidor, que não se sabe bem onde está.

Nem conseguimos viver verdadeiramente o que temos à nossa frente.

As redes sociais distraem-nos demasiado e impedem-nos de viver naturalmente. Ora são as notificações, ora são as reações ao que se publica. O certo é que perdemos demasiado tempo a olhar para o telefone esperto. E deveríamos olhar mais para o que se passa à nossa volta. Deveríamos olhar mais para os nossos amigos e familiares. Mas olhar com olhos de ver, de sentir, de perceber que poderão precisar de nós. E isto acontece bastante frequentemente. Deixámos de preferir ver a realidade e preferimos vê-la em vídeos ou fotografias num pequeno aparelho que levamos para qualquer sítio.

Programar uma experiência fora da nossa zona de conforto, deverá também incluir desligar os dados do maldito aparelho esperto e desfrutar o que temos à nossa volta. Ouvir todos os barulhos e sons, não pensar que temos de registar e de publicar tudo o que vemos. Será que voltaremos a ver as 479 fotografias que tirámos no fim de semana passado? Ver as pessoas que passam por nós, pensar um pouco sobre elas e as suas vidas, não pensarmos só na nossa e nos likes que já conseguimos com o último post. Quando se procura uma nova experiência, não deveremos esquecer o adjetivo. Nova significa diferente e principalmente ter uma liberdade que não tínhamos. É estarmos abertos a conhecer pessoas e fazer amizades, mas gente de carne e osso. É conseguirmos caminhar por uma rua e olhar para os seus detalhes e não tirar uma única fotografia e procurarmos memorizar dentro de nós aquilo que nos despertou a atenção. Descobrirão assim uma nova maneira de sentir e viver a vossa experiência. Que será na sua essência verdadeiramente nova.

Bruno Carvalho